segunda-feira, 15 de outubro de 2012

CAUCAIA É SEMIFINALISTA NA 3ª EDIÇÃO DA OLIMPÍADA DE LÍNGUA PORTUGUESA ESCREVENDO O FUTURO.

A reunião da Comissão Julgadora Estadual da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro em Fortaleza divulgou os textos que representarão o Ceará na etapa regional (semifinal). Confiram:
http://portal.seduc.ce.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=5223:alunos-da-rede-estadual-foram-selecionados-para-etapa-nacional-da-olimpiada-da-lingua-portuguesa&catid=129:noticias-2012&Itemid=76
Depósito de lixo químico nos Sítios Novos, vale a pena?
A localidade de Santa Bárbara, apelidada de Capine, situada a 54 km de Fortaleza, Ceará, pertencente ao distrito de Sítios Novos e é o resultado da desapropriação da Fazenda Capine para fins da reforma agrária. Possui cerca de cem famílias que sobrevivem principalmente da agricultura e piscicultura. Contudo, esta comunidade, bem como todas as que pertencem ao distrito de Sítios Novos estão sentindo-se ameaçadas devido às negociações do governo municipal e a empresa ESTRE para a implantação de um aterro de lixo químico em suas terras.
Segunda a ESTRE, a implantação de uma filial da empresa trará vários benefícios, dentre eles a geração de empregos para a comunidade, porém, alguns dos moradores continuam em dúvida e se perguntam que benefícios serão estes. Outros, no entanto, já estão lutando contra o que eles chamam de lixão, pois, segundo pesquisas, já aconteceram no mundo inteiro, graves acidentes devido ao trabalho com este tipo de resíduo. A exemplo disso, temos os acidentes químicos de Goiânia, com mais de 10 mortos, e o de Bhopal na Índia que fez e continua fazendo centenas de vítimas.
Um lixão ou aterro como o que a empresa ESTRE pretende implantar em Sítios Novos é uma forma de agressão contra o meio ambiente, pois, manipulam substâncias como o chumbo, zinco e mercúrio, derramando óleos e dejetos químicos no solo e nos rios.
É necessário questionar onde estão os órgãos defensores do meio ambiente que deveriam juntamente com a escola e a comunidade incentivar e apoiar a não construção do lixão e até então não se manifestaram. Diante desta realidade os moradores em parceria com uma das maiores escolas da região, a E.E.M. Alice Moreira de Oliveira, estão desenvolvendo projetos, apresentações e abaixo-assinados para esclarecer a comunidade sobre os malefícios do lixão e fortalecer a resistência da população contra a construção deste aterro, pois somos amigos do meio ambiente e votamos contra o lixão.




Glauber Gomes da Cruz, aluno da EEM Alice Moreira de Oliveira, Caucaia-Ce.
Texto selecionado pela Comissão Julgadora Municipal da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro, na categoria Artigo de opinião

domingo, 14 de outubro de 2012

Lembranças da serra


Sempre que o sol se põe surge um vento forte e frio que envolve toda a paisagem serrana e convida seus moradores a se agasalhar.
Esse lugar é tão belo que chego a sonhar e admirar as maravilhas criadas por Deus. Enlaçados na frieza da noite, nos reunimos nas casas dos moradores mais antigos, sentados em roda ouvimos histórias lendárias que constroem os costumes do nosso povo. Saindo agora da casa do meu avô, recordei-me subitamente de uma lenda. E, como se reescrevesse aquela história.
No percurso até o meu lar, ouvia-se o silêncio das matas e fiquei imaginando, o encontro que poderia ocorrer entre eu e o Guajara. Ele era um homem peludo, preto que matou o pai por uma simples discussão em família, vivia vagando de uma ponta a outra da serra, carregando o corpo do pai no ombro. É nessa hora da noite que os moradores da Rajada escutam seus assobios nas matas fechadas.Em noites de caçadas os homens valentes levam consigo alho e fumo, dizem que espanta o Guajara que mais se parece com lobisomem.
Quero crer que não irei encontrá-lo, estou perto de casa o terror e medo me consome.
- Ufa! Cheguei... Finalmente estou no meu lar, vou dormir e sonhar com as belezas que a Serra da Rajada nos oferece.
E nesse vento frio vou embalando o sono dos justos.

Ana Patricia de Oliveira de Souza, aluna da EEIEF Yara Guerra Silva, Caucaia-Ce.
Texto selecionado pela Comissão Julgadora Municipal da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro, na categoria Crônica
Belíssimos cabelos


Certa manhã, no lugar onde moro, chamado Pacheco, onde o quintal das pessoas é o mar, lugar dito calmo e habitado por pessoas tímidas, em que as pessoas se relacionavam facilmente, apareceu um senhor, que veio pelas ruas que, na época, eram somente de areia, chegou vendendo um tal xampu com o nome de "Belíssimos Cabelos", com o qual os cabelos cresceriam lindos e fortes e que nem precisava de condicionador, pois era um xampu mais do que eficaz.
Todos do bairro que, até hoje, ainda não tem um lugar específico para cuidar dos cabelos, impressionaram-se. Todos do bairro são curiosos e compraram o xampu, mas o senhor alertava:
- Só funciona se usar no escuro!
Então as pessoas usaram o xampu à noite, sem saber que o tal xampu estava vencido. Até que um dia, uma garota estranha, que morava na última casa, na Rua Onofre, que até hoje, está rodeada de mato, olhou a data de vencimento do xampu e assustada disse:
- Mamãe, não use esse xampu!
Assim foi parar no ouvido daquelas senhoras fuxiqueiras que tem nesse bairro, a notícia de que o xampu estava vencido, e que, quem tivesse usado, ficaria careca. Ninguém mais coragem de usar o tal xampu e se arrependeram de ter dado os vinte reais tão suados.
E o vendedor? Ninguém mais o viu, ninguém sabe de onde veio e para onde foi...

Odara Amaral Paiva, aluna da EEFM Edson Correa, Caucaia-Ce.
Texto selecionado pela Comissão Julgadora Municipal da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro, na categoria Crônica
Doces problemas


Becos e ruas estreitas, estranhas ruas escuras cheias de lama, onde a pobreza reina e a ganância anda à solta. Um lugar onde a mãe natureza mora perto, e seus moradores infectados pelo pecado da preguiça, a destroem com seus restos embalados de lixo.
Crianças brincam nas ruas esburacadas e perigosas onde o perigo mora ao lado. Ligo a TV. Está passando um jogo de futebol, não sei distinguir os times, não conheço as siglas. Estava no segundo tempo, faltavam uns dois minutos para encerrar a partida. O time que vestia azul estava vencendo o adversário, quando o juiz toca o apito, o time azul vence e, de repente, ouço alguns papocos bem auto. Não eram fogos e sim disparos. Não me espantei, pois já tinha visto esse filme muitas vezes. Era coisa comum na minha rua.
Fiquei refletindo sobre os tiros: será que estavam atirando para comemorar a vitória do time ou estavam se livrando de um torcedor adversário? Não sei. Não me arriscaria a sair do meu conforto e proteção para ver se alguém havia morrido. E se fosse? Quem sabe uma bala perdida não me acertaria? Acho que vou esperar até o dia seguinte, talvez alguém comente por aí.
Liguei a TV para ver o jornal na esperança de ter uma boa noticia. Ameniza-me um pouco a ideia de ter mais um vizinho morto. Talvez a única esperança fosse quando as estrelas da noite brilhassem e nos hipnotizassem com sua luz profunda fazendo-nos cair em sono profundo e acordar num lugar sem problemas. Mas os problemas não se acabam facilmente como se acaba o fogo de uma fogueira sem lenha.
Desligo a TV de decepção. Por que não passa uma noticia boa no jornal? Talvez por que o mundo esteja igual a minha rua, sabe? Por que o governo não manda a policia vir prendê-los? Acho que é por que ninguém ia dizer quem é quem. Talvez esteja tudo bem ou talvez a suposta vítima seja um destes porcos sujos de alma escura que matam por diversão.
Fico cansado de pensar nisso. Talvez ninguém tenha morrido, mas acho que o melhor a fazer é fingir que moro em um lugar seguro e vigiar meus passos por que há lugares que se tirando uma pedra do lugar pode-se dar razão para morrer.

Jorge Lucas Ferreira de Vasconcelos, aluno da EEIEF Dona Lavínia de Medeiros, Caucaia-Ce.
Texto selecionado pela Comissão Julgadora Municipal da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro, na categoria Crônica