Sempre histórias interessantes surgem de dentro das recordações da infância de cada um de nós. Dessas memórias, a que mais marcou minha meninice foi a que conta a fundação do bairro em que moro até hoje.
A comunidade do Cipó foi fundada quando o seu morador mais ilustre veio morar aqui com sua família. Chamava-se Amaro Rodrigues e era uma pessoa misteriosa, pois sempre aconteciam coisas inexplicáveis com ele.
O nome Cipó surgiu por causa das muitas árvores e seus grandes cipós. Durante as tardes de sol, eu e minha turma corríamos os quintais, brincávamos no rio, caçávamos pequenos pássaros ou tentávamos descobrir os muitos mistérios do Sr. Amaro.
Como a comunidade era pequena, a forma que tinha para que nossos pais nos sustentassem era trabalharem na roça, na fabricação do carvão ou fazendo tijolos na antiga cerâmica.
Nossa comunidade era rural e muito tranquila. As quermesses eram os acontecimentos mais esperados do ano, pois era o momento em que me divertia muito nas barracas de jogos. E quando chegavam os circos, era uma festa para as crianças e eu adorava observar aquelas enormes tendas.Minha preferência sempre foram os palhaços e suas engraçadas apresentações.
Certa vez, eu e meus amigos estávamos andando pela vereda que morávamos de repente ouvimos um grito que cortou o silêncio. Era o Sr. Amaro e ao expiá-lo pela cerca de sua casa, vi quando pegou um livro de capa negra para ler e simplesmente sumiu no ar. Gritei como um louco e até hoje não sei o que aconteceu ali.
Começou, dessa maneira, a fama de bruxo do Sr. Amaro e todas as crianças tinham medo de desaparecer por força de algum feitiço do poderoso mago. Diziam que ele se transformava em tronco e às vezes em cupim. Eu mesmo nunca vi essas coisas, mas acredito.
Foi nesse universo de muita magia que cresci e agora retorno para alimentar minhas muitas saudades de uma infância bem vivida.
Mariana Costa Cavalcante, aluna da
EEIEF Amaro Rodrigues dos Santos, Caucaia-Ce.
Texto
selecionado pela Comissão Julgadora Municipal da Olimpíada de Língua Portuguesa
Escrevendo o Futuro, na categoria Memórias literárias.
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