quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Saudades e dificuldades
Meu nome é Lucila tenho 77 anos, nasci, cresci e até hoje vivo em Caucaia. Quando eu era jovem, minha cidade era muito diferente do que é hoje. Não existia estradas asfaltadas, não tinha televisão e esse tal de computador, ainda não entendi o que ele faz, mais os jovens de hoje passam o dia todo de frente dele.Eles falam que é bom demais!!!

Eu me lembro de cada detalhe de minha cidade querida; as ruas eram de barro, a minha casa era de taipa e não tinha luz elétrica, para encontrar água tínhamos que ir pegar num poço que ficava muito longe de casa, andávamos muito a pé. Para fazermos compras era um sacrifício, pois a mercearia também ficava bem distante. A comida era feita em fogão a lenha e o meu irmão mais velho era o responsável pela busca da madeira na mata. As tarefas eram dividas entre pais e filhos. As filhas pegavam a água, cuidavam da casa e lavávamos roupa, minha mãe cuidava da comida e meus irmãos ajudavam meu pai na roça.

Eu e meus irmãos tínhamos poucos brinquedos éramos nós mesmo que confeccionávamos, minhas bonecas eram de sabugo de milho, por que uma boneca custava um bom dinheiro! Meus irmãos brincavam com bola feita de retalhos de pano, era muito bom, que saudade... Todos se conheciam, não era perigoso podíamos sair de casa a qualquer hora, crianças na rua, adultos nas calçadas conversando, despreocupados com seus filhos. A Polícia era respeitada e os mais velhos eram respeitados.

No meu tempo de juventude as coisas eram mais difíceis, mas apesar das dificuldades fui uma criança muito feliz, não tenho do que reclamar. Logo precisávamos de tão pouco! Pois o pouco já era motivo de alegria. Mas, ficou a lição de que nada na vida pode ser tão fácil.
Os jovens de hoje precisam valorizar mais as coisas, com tanta oportunidade e as facilidades que o mundo oferece não era para ter tantos jovens nas drogas e sem estudar. Fico triste por que com tantas coisas boas que a escola oferece como farda, merenda, livros, professores formados, eram para esses jovens se dedicarem mais aos estudos. Eu não tive essa oportunidade!

Hoje, tudo é acelerado ninguém tem tempo pra nada, no meu tempo andávamos nas casas dos conhecidos, mandávamos carta para os parentes e era uma vida mais sossegada, tenho saudades de um tempo onde às pessoas eram mais amigas. No entanto gosto muito de viver na minha cidade, de ver as coisas mudando, a cidade crescendo, ruas ficando bonitas, praças, supermercados, telefone, ônibus, posto de saúde e até hospital grande, com o avanço veio às facilidades e isso é muito bom, se vive mais e melhor.



(Texto baseado na entrevista feita com a Sra. Lucila Silva, 77 anos.)



Ana Stephanie Freitas dos Santos, aluna da EEIEF 7 de Setembro, Caucaia-Ce.
Texto selecionado pela Comissão Julgadora Municipal da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro, na categoria Memórias literárias.

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